por Bebete Patife
Décimos terceiros assolando contas bancárias, taxistas
fincando bandeiras dois, comerciantes aquecendo as mãos... É o já tão talhado e
esculpido fim de ano. Um tempo propício para ler contos de Charles Dickens
pertinho da lareira, ou, até mesmo, saudosamente, recordar daqueles ursos que
se empapuçavam de refrigerante de Coca.
A manhã que enquadra meu rito de bater letras à máquina é perturbada por uma edição da NEW GOLFE, lançada, sem sorrateirices, pela soleira da porta. Coço a cabeça e apalpo minha vasta cabeleira que mais lembra a juba de um leão da Disney e procuro respostas sobre o destino de tal digna revista, digno, digo, que, fora emocionantes práticas esportivas como lançamento de álcool à boca e a respeitável posição como quarto zagueiro do AUTO ESPORTE ESPORTE CLUBE (Time de futebol lá do Bairro Montese), o sincronismo e glamour do golfe nunca me apeteceram.
A manhã que enquadra meu rito de bater letras à máquina é perturbada por uma edição da NEW GOLFE, lançada, sem sorrateirices, pela soleira da porta. Coço a cabeça e apalpo minha vasta cabeleira que mais lembra a juba de um leão da Disney e procuro respostas sobre o destino de tal digna revista, digno, digo, que, fora emocionantes práticas esportivas como lançamento de álcool à boca e a respeitável posição como quarto zagueiro do AUTO ESPORTE ESPORTE CLUBE (Time de futebol lá do Bairro Montese), o sincronismo e glamour do golfe nunca me apeteceram.
Mas, admito que meu nome é assunto nas melhores mesas a
reunir imortais ligados à Comunicação Social. De Lee Anderson ao querido amigo
vendedor de tripa assada conhecido como Bigode, Bebete Patife recebe láureos, para
o bem e para o mal.
Sabedor de toda essa época encantada por renas de nariz
vermelho folheio duas - ou seriam dez - páginas da citada revista (NEW GOLFE).
O estômago me avisa da mistura de enjôo e fome. Eu, um doutor, um bastião vivo
ao jornalismo de bolsos vazios. Sem um puto para contar uma doce história. Ali,
passando o olhar sobre tacadas geniais e lendo sobre qual tipo de grama cai
melhor no clima seco e amargo advindo com o segundo semestre.
O telefone bate. Do outro lado é J.J. Oliveira a vociferar
sem parar. O dono do império Jornalismo Sonso da comunicação alvissareira me
pergunta o que eu quero da vida. Segue a transcrição do diálogo:
- Bem, estamos por aí, né...
- Sei...
- Andei muito ocupado nos últimos dias J.J, Estava por Wall
Street procurando um canto para fincar os pés...
-Sei... Bebete é o seguinte... Teu único defeito é torcer
pelo Bangu. Meu amigo,me escute.Você em nada se parece com este bando de
cachaceiros aqui da redação. Cardoso tá uma esponja só, Charles só pensa em
pornografia barata e nem quero pensar no resto... Mas, é aquela coisa... Estão
aqui do meu lado. Bom ou merda, estão. Quero você meu querido: presente,
firme... Como um ser mitológico que abandona o barco por último. Quero você na
INTERNETE. É a nova onda, que tal o Jornalismo Sonso? É a sua cara...
- É, né? Estamos por aí, né...
Já viu, Bebete? Em toda mesa que esteja um pudim de cana
metido a jornalista agora tem um treco chamado TABLETE, sei lá...Hoje estamos
com tudo! É a INTERNETE meu querido...
J.J é um monstro curioso. INTERNETE é um conquistador mongol
que há muito pilhou nossa convivência. Só agora ele sentiu o cheiro acre da
derrota?
- Conte comigo, J.J! Você ainda guarda aquele borboun na
gaveta?
- Deve ter porra, só se esses maníacos daqui não tomaram
tudo... Ô raça bandida...
Desligou.
O embrulho no estômago retorna alto. Logo estarei na
Internet. Agora, o que me acompanha é o barulho do antiácido que salta do copo
com água antes ocupado por geleia mocotó. Em pouco estarei no mundo virtual.
Amado Batista, Costinha e o biscoito globo, locais nesse assunto, também.
Sorria meu bem, sorria.